13 de dezembro de 2010

Motivação e Emoção - trabalho cancelado!

Olá a todos. Estive a ver os dados com cuidado e parece-me que a interpretação não é fácil e que implica conhecimentos de estatística multivariada que não vos dei (e que sei que ainda não têm).
Por isso, e para não prejudicar ninguém, considerarei o trabalho cancelado embora tencione transmitir-vos as conclusões principais para que não sintam ter estado a trabalhar em vão.

Para já, e como conclusões parcelares e ainda provisórias, temos o seguinte:

a) Há diferenças sistemáticas nas características que os sujeitos entenderam como mais definidoras da pessoa que são. Essas diferenças merecem um tratamento mais profundo, mas talvez se possa dizer que o aspecto físico é o menos importante definidor de quem se é (recordem-se de que era aspecto físico diferente mas atractividade igual). Estes dados são congruentes com o que se tem obtido até agora no laboratório. Há uma estrutura factorial que opõe claramente afectos/emoções a cultura/inteligência e, menos claramente aparência e valores.

b) Os entrevistados revelam o que me parece um paradoxo: na questão sobre o homem de Avicena (um ser humano criado completo sente que existe ou não?) a maioria das pessoas acha que não, mas que esse ser humano se considera mais como mente do que como corpo. Defeito provável do método; mas também provável indicação de que há dois princípios a funcionar ao mesmo tempo (natureza não corporal do sentimento de existir Versus impressão de ausência sentimento de existir do homem de Avicena baseado no facto de se lhe atribuir incapacidade sensorial). Mas dito isso, os sujeitos que acham que o homem de Avicena sabe que existe acham também que

c) Se se dividir os sujeitos em dois grupos (os que acham que o homem de Avicena se consideraria corpo e os que acham que ele se consideraria mente) obtém-se algumas diferenças entre sujeitos , mas nem todas muito claras (vão em direcções aparentemente opostas, mas pode ser necessária uma maior finura na análise). Em qualquer caso, parece claro que as pessoas que acham que o homem de Avicena sabe que existe fazem uma definição de si próprias mais mental. O que não se compreende bem (ou pelo menos eu ainda não compreendo) é a relação disso com o resto.

d) Nas variáveis que nos interessavam não há diferenças segundo o sexo ou segundo o curso (embora os homens se considerem mais inteligentes em geral e as mulheres menos bonitas do que os homens—mas isso não interessava nada nesta hipótese e eram apenas medidas tomadas por precaução).

Rodrigo de SáNogueira Saraiva
rsns@netcabo.pt

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